6 M - SEIS MESES - Joaquim Cândido de Gouvêa





Tenho em mãos o livro 6 M - Seis Meses de Joaquim Cândido de Gouvêa, editado pelo selo Astrolábio Edições, em primeira edição de janeiro de 2023 e consoante com a prefaciadora desta obra, Alessandra Senra de Gouvêa, também franzi a testa diante da proposta da obra...

No meu caso, por não conseguir abstrair-me suficientemente, para apresentar-me diante dela com uma "tábula rasa"…

Mas, este desconforto denota a capacidade criativa de Joaquim Cândido de Gouvêa de tecer uma trama que já em suas primícias cativa, incomoda e instiga!

E se caso houvesse conseguido esta abstração, e tornado a proposta do tomo mais palatável a minha gana antropofágica, em estado de “inocência” e ou "inconsciência", este livro 6 M - Seis Meses não seria tão bom!

O escopo do livro traz a saga do heroi, ambientado com traços de modernidade, numa escrita ágil e fluida, heroi este subjugado pelas demandas de seu tempo, preso aos fios “invisíveis” do jardim de autômatos a que pertence e que foi muito bem delineado desde o primeiro capítulo, e que nos demais luta por suplantar…

É um romance do homem à procura de si mesmo, num embate com as coisas do mundo,  e em busca de sua posição neste mesmo mundo, onde ousa descobrir-se e assumir aquilo que lhe traga felicidade…


Fato este, que levou-me á Hermann Hesse:


“ Quem não se encaixa no mundo, está mais perto de achar-se.”


Este romance 6 M - Meses de Joaquim Cândido de Gouvêa, tem um quê de contos de fadas, quando torna possível o que na prática não o é tanto assim, a saber:

Pode o ser humano deixar de ser aquilo que sempre foi, ou parar de agir como age, em detrimento de um bem maior, quando este bem reside nas mãos de outro, que em quase nada lhe é parelho?


Volto á Hermann Hesse, pois nele encontramos:


“Ninguém pode ver, nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido”.


Mas, qual seria um tempo razoável para um ser humano (re) encontrar-se, 6 meses?

Este romance guarda dentre suas 334 páginas uma fábula, senão no que apresenta, e sim nos seus agrafos, entre linhas, pela qual tive muito gosto de encontrar: 

- A beleza do espírito humano, independente de posição social, raça, credo, etc, em sua busca pela felicidade que eu irmano á paz, enquanto um ideal.

Assim, 6 M - Meses é uma narrativa cativante, instigante, que partindo dos dissabores do personagem Carlos Eduardo, vai das suas andanças pelo mundo, dos seus contatos com diferentes pessoas e situações até chegar a um final no mínimo emocionante…

Este 6 M - Seis Meses de Joaquim Cândido de Gouvêa é livro para entreter, é livro para ilustrar, é afeito á questionar, é um ótimo livro para se ler e colher um pouco da sensibilidade de um autor que além de romancista, é poeta, é letrista, mas acima de tudo é gente como a gente, pelo qual sentimos prazer em chamar ou ansiamos por sermos chamados ao pé da conversa, para um dedinho de prosa…

Se depender da leitura deste 6 M - Seis Meses de Joaquim Cândido de Gouvêa, tollitur quaestio!

Após esta leitura, fiquei com vontade de ouvir de novo a música  Epitáfio dos Titãs, por sentir falta da coragem do Carlos Eduardo... 

-Mas isso, sou eu com meus botões...

Enquanto isso, que venha outro romance!




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